Foto: Luiz Boscardin
Tenho percebido como o autoconhecimento, além de ser matéria
prima no trabalho de psicoterapia, passa também a ser valorizado nas
organizações.
O líder de hoje nas organizações não é mais aquele que manda
e é obedecido por quem tem juízo. Hoje as pessoas questionam mais, querem saber
o porque daquilo que estão fazendo e o mais importante, se não estão felizes no
lugar em que estão simplesmente vão embora e arrumam um novo emprego e nesse
processo as organizações tem perdido muitos talentos.
No consultório nem se fala, o autoconhecimento é peça chave
de todo o processo, pois no final das contas não estamos ali para ‘consertar’,
o marido, a esposa, os filhos, o chefe, os pais, etc, estamos ali para
refletir, questionar e resignificar como a pessoa que está ali à nossa frente
relaciona-se com cada um destes outros atores, para aí sim pensarmos
estratégias de como fazer diferente, na expectativa de assim gerar respostas
diferentes da outra parte.
Pois bem, mas o que quero discutir aqui e o que venho
pensando é como fazer isso? Como dar o primeiro passo em direção ao
autoconhecimento?
A resposta que me surgiu pode parecer simples e banal, mas é
algo por vezes difícil de se colocar em prática, como todo passo quando estamos
lidando com a alma humana.
O primeiro passo é se perguntar: ‘como estou cumprindo as
minhas tarefas? Como estou me relacionando com aquela pessoa, ou equipe? Como
estou me relacionando com meu chefe, meu pai, esposo, esposa? Será que posso
fazer diferente? Será que posso fazer melhor?’
Podemos responder a estas questões de forma rápida e
simples: ‘Bem. Muito bem. Excelente. Claro sempre dá pra fazer melhor!’ Se por
um acaso você respondeu a estas perguntas de forma rápida e rasteira, bom então
a próxima pergunta é: ‘Porque você não está se deixando pensar nem um pouquinho
sobre o tema? Do que você está se defendendo?’
Quando nos questionamos estamos admitindo para nós mesmos e
para os outros que somos falhos e que não somos perfeitos como gostaríamos de
ser, ou que não somos o profissional que a última edição de uma revista diz que
eu devo ser para alcançar o sucesso, ou a mãe perfeita para meus filhos, ou qualquer
outro modelo ideal de humano que tentam nos empurrar goela abaixo.
Isso no consultório talvez seja mais fácil, pois esse é um
ambiente seguro, já no ambiente de trabalho é mais difícil já que mexe com a
ideia de profissional que as pessoas, e nós mesmos, temos a nosso respeito e
por incrível que possa parecer a maioria das empresas busca o cara, ou a
mulher, da capa da revista do mês.
Temos que nos lembrar que acima de tudo somos pessoas que se
relacionam com pessoas, que assim como nós mesmos são falhos, tem medos,
inseguranças e qualidades, muitas qualidades. E que se não soubermos qual é a
nossa parcela de responsabilidade nestes relacionamentos, não poderemos fazer
diferente, ou melhor.
O primeiro passo, portanto a meu ver é questionar-se,
desprendida e corajosamente, sobre o que fazemos e como fazemos. E se preciso
pedir ajuda para pensarmos sobre isso.
Abraços e até a próxima.
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